Disclaimer importante: Este conteúdo é informativo, não substitui consulta com médico ou nutricionista e não deve ser usado para automedicação, ajuste de dose ou suspensão de tratamento. Sempre discuta qualquer decisão sobre GLP-1 com um profissional habilitado.
Introdução: nova era do emagrecimento
Os chamados "remédios de emagrecimento" são, na verdade, medicamentos que agem profundamente na saúde metabólica, mexendo em hormônios de saciedade, glicose e inflamação. Eles reduzem apetite, melhoram o controle do diabetes tipo 2 e diminuem riscos ligados à obesidade, como gordura no fígado e doença cardiovascular.
No Brasil, a popularização das "canetas" trouxe uma dúvida prática: qual é a diferença entre a caneta azul (Ozempic), a caneta específica de perda de peso (Wegovy) e a nova geração representada pelo Mounjaro. Entender mecanismo, eficácia, indicação em bula e custo ajuda a conversar de forma mais objetiva com o médico sobre a melhor estratégia para cada perfil.
Tabela Comparativa: Ozempic, Wegovy, Mounjaro
| Característica | Ozempic | Wegovy | Mounjaro |
|---|---|---|---|
| Princípio ativo | Semaglutida | Semaglutida | Tirzepatida |
| Indicação principal | Diabetes tipo 2 (emagrecimento off‑label) | Obesidade/sobrepeso com critérios de IMC | Diabetes tipo 2; obesidade em estudos SURMOUNT |
| Dose máxima típica | Até 1 mg/semana (alguns países 2 mg) | 2,4 mg/semana | Até 15 mg/semana |
| Mecanismo | Agonista de GLP‑1 | Agonista de GLP‑1 | Agonista duplo GLP‑1 + GIP ("twincretina") |
| Perda de peso média | ~10-12% | ~15% | ~20-21% |
| Custo mensal estimado (2025) | R$ 900–1.500 | Acima do Ozempic | R$ 2.000–3.600 |
O grupo da semaglutida (Ozempic e Wegovy)
Ozempic e Wegovy usam a mesma molécula, a semaglutida, desenvolvida pela Novo Nordisk, e a diferença central está na indicação de bula e no esquema de dose máxima. Ozempic foi aprovado para diabetes tipo 2, enquanto Wegovy foi aprovado especificamente como medicamento antiobesidade com dose alvo mais alta (2,4 mg/semana).
A semaglutida é um agonista do receptor de GLP‑1, um hormônio intestinal que imita a sensação de saciedade, reduz o apetite e ajuda a controlar a glicose. Nos estudos STEP, a dose de 2,4 mg levou a uma perda média próxima de 15% do peso em pessoas com obesidade, um resultado considerado marcante para tratamento farmacológico.
A nova geração: Mounjaro (tirzepatida)
O Mounjaro contém tirzepatida, uma molécula chamada de "twincretina" porque estimula ao mesmo tempo os receptores de GLP‑1 e GIP, dois hormônios envolvidos na resposta após a refeição. Essa ação dupla potencializa saciedade, melhora a resposta insulínica e parece ampliar o impacto sobre o peso em comparação à semaglutida.
Nos estudos da família SURMOUNT, a tirzepatida em doses até 15 mg alcançou perda média em torno de 20–21% do peso corporal, aproximando‑se de resultados de algumas cirurgias bariátricas. Em 2025, o Mounjaro já tem aprovação da Anvisa e lançamento anunciado no Brasil, com preço mensal em torno de R$ 3.600 nas apresentações iniciais, podendo variar conforme dose, farmácia e negociações.
Mecanismos: o que fazem no corpo
Os agonistas de GLP‑1 (e, no caso da tirzepatida, GLP‑1 + GIP) atuam no hipotálamo, região do cérebro que regula fome e saciedade, reduzindo de forma sustentada o impulso de comer. Com isso, a pessoa tende a sentir menos "vontade de beliscar" e consegue aderir melhor a um déficit calórico.
Esses medicamentos também retardam o esvaziamento gástrico, fazendo com que o alimento permaneça mais tempo no estômago, o que aumenta a sensação de plenitude, mas explica náuseas, empachamento e, às vezes, vômitos em fases de ajuste de dose. Em paralelo, melhoram a secreção de insulina dependente da glicose, reduzem glicemia e contribuem para queda de inflamação associada à obesidade e à resistência à insulina.
Qual escolher? Principais critérios
A escolha entre Ozempic, Wegovy e Mounjaro é decisão exclusiva do médico, levando em conta quadro clínico, exames e histórico de cada paciente. Automedicação com essas canetas expõe a riscos significativos, incluindo descompensações glicêmicas, desidratação e eventos gastrointestinais graves.
Alguns fatores que o médico costuma avaliar:
- Grau de obesidade (IMC): Wegovy e Mounjaro tendem a ser considerados em IMC mais elevado e em obesidade com dificuldade de controle.
- Comorbidades: presença de diabetes tipo 2, doença cardiovascular, gordura no fígado e apneia do sono pode direcionar a preferência por uma molécula específica.
- Tolerância a efeitos colaterais: histórico de enjoo, refluxo, constipação e problemas gastrointestinais influencia a velocidade de escalonamento da dose.
- Objetivo de perda de peso: tirzepatida tem mostrado, em média, maior redução percentual de peso que semaglutida em análises comparativas.
Custo mensal médio no Brasil (estimado)
Valores variam muito por dose, região, descontos de laboratório e planos, mas faixas aproximadas em 2025:
- Ozempic: intervalos em torno de R$ 900–1.500/mês, dependendo da dose e da farmácia.
- Wegovy: tende a ficar acima do Ozempic, com custo mensal maior devido à dose de 2,4 mg e posicionamento como medicamento antiobesidade.
- Mounjaro: lançamento com preço máximo ao consumidor próximo de R$ 3.600/mês para um kit mensal, com relatos de intervalo entre R$ 2.000–3.500 conforme dose e canal de compra.
Efeitos colaterais comuns
Os efeitos adversos mais frequentes em GLP‑1 e em tirzepatida são gastrointestinais: náuseas, constipação, diarreia, sensação de estômago cheio e, em alguns casos, vômitos, principalmente nas primeiras semanas e após aumentos de dose. Ajustes mais lentos de titulação e fracionamento das refeições costumam reduzir parte desse desconforto.
Outro ponto relevante é o risco de perda de massa muscular quando a perda de peso é rápida e sem ingestão adequada de proteína e atividade de força. Por isso, costuma‑se recomendar um consumo proteico adequado e exercício resistido durante o tratamento para preservar o máximo possível de massa magra.
Sobre o chamado "rosto de Ozempic", trata‑se menos de um efeito específico da semaglutida e mais de perda global de gordura, que também atinge a face e pode acentuar sulcos e flacidez. Esse fenômeno é observado em qualquer grande emagrecimento, inclusive após dieta ou bariátrica, não sendo exclusivo de um medicamento.
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Baixar Checklist GrátisFAQ: perguntas rápidas
1. Posso trocar de Ozempic para Mounjaro?
Trocas entre semaglutida e tirzepatida são, em tese, possíveis, mas exigem avaliação médica, ajuste de dose inicial e, às vezes, um período de transição para reduzir risco de efeitos adversos. Em muitos casos, o médico considera resposta prévia, efeitos colaterais e custos antes de propor a mudança.
2. Qual deles emagrece mais rápido?
Nos estudos, a tirzepatida (Mounjaro) mostrou maior perda percentual de peso em relação à semaglutida usada em doses para obesidade, com resultados em torno de 20% ou mais versus cerca de 15% em média. Porém, resposta individual varia muito, e velocidade de emagrecimento segura depende de acompanhamento, alimentação e atividade física.
3. Precisa de receita para comprar?
Sim, todos esses medicamentos são de uso controlado, exigem prescrição médica e não devem ser utilizados sem acompanhamento. A venda irregular sem receita ou o uso por indicação de amigos ou redes sociais representa risco à saúde e fere as orientações das agências regulatórias.
4. Posso usar para emagrecer sem ter diabetes?
No caso do Ozempic, o uso para emagrecimento em pessoas sem diabetes é considerado off-label. Já o Wegovy e o Mounjaro (em alguns países) possuem indicação aprovada para tratamento de obesidade. Em todos os casos, a avaliação médica é fundamental para determinar se o medicamento é adequado para o seu perfil.
5. Os efeitos são permanentes após parar o uso?
Estudos mostram que, após a suspensão do medicamento, parte significativa do peso perdido tende a ser recuperada. Isso reforça a importância de consolidar hábitos saudáveis de alimentação e atividade física durante o tratamento, para manter os resultados a longo prazo.
Fontes e referências principais: Bulas oficiais Ozempic, Wegovy e Mounjaro – Novo Nordisk e Eli Lilly / Anvisa; Estudos clínicos STEP e SURMOUNT; Portal Afya Endocrinologia; CFF - Conselho Federal de Farmácia; Artigos científicos revisados por pares sobre semaglutida e tirzepatida; CNN Brasil Saúde; Saúde Abril.
